segunda-feira, 29 de outubro de 2012


Um dia se cansavam, sem saber bem as razões, os porquês. Se cansava talvez por conhecer, se decepcionar, talvez por juntar ambas e ultrapassar a soma negativa das partes. De forma ou outra, assim mutilavam, desgastavam, feriam, destruíam. E corriam, corriam para refúgios despretensiosos, cheios de cor e brilho, fugiam para não ter que aturar falsas felicidades, falsos sorrisos, pseudo ideais. 
Largavam a xícara de café, o jornal meio folheado, o açúcar derrubado, as promessas não cumpridas, e saiam, saiam para procurar novos ambientes, novas juras, novas experiências, novos elogios. Num modo desesperado de conseguir, conseguir se encontrar, conseguir encontrar em si novas formas de ter esperança, esperança de que tudo não é um ciclo vicioso o qual acaba sempre com alguém enojado e outro que não é mais o que deixava transparecer. Ou ainda é, mas isso conseguira enganar por tanto tempo, tempo suficiente para se divertir, amar, aconselhar, se entristecer, e posteriormente querer abandonar. 
Abandonar uma base para querer se aventurarem algo incerto, em novos gostos, novos cafés, novos jornais, novos açucares, novas promessas e esperanças de que dessa vez, tudo desse certo.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012


Ser impulsivo lhe era constante, não, impulsividade era breve demais pra ele. Era um apaixonado, lucidez não era seu forte, e por isso, e talvez só por isso era feliz, e era também deste modo que conquistava a todos. Há muito jogara toda uma vida errante fora, percebera que valia tanto por si só que não precisava de apêndices. Por trás de todo o seu ímpeto era sensível, seu tacto era algo que surpreendia, via além do intrínseco, da essência. Conseguia achar graça e beleza em tudo. Tinha lá seus defeitos, e eram exatamente estes que o completavam. Não era nada sem isso.

A Michel Luiz Raposo Franco, obrigada por toda e qualquer inspiração e incentivo. Eu te amo apesar de tudo (idiota)

segunda-feira, 15 de outubro de 2012


Escuro e barulhento como jamais houvera, o coração órfão e doente, dava sinais de gargalhadas interiores. Hipócrita e erroneamente parecia mais sadio do que em toda sua sanidade. Era complicado e duplamente inesperado. Mas o que fazer? 
A filha da podridão estava a propagar todo o seu efeito de caos coletivo..

terça-feira, 2 de outubro de 2012


Surpreenda-me. Não pela simples surpresa. Surpreenda-me para fazer sentir o que nenhum outro já fez, para fazer sentir vivo, vibrante, cada impulso nervoso, cada ataque de emoção. Como um turbilhão. Só pelo extrínseco, só pelo superficial. Só para esquecer o limite corporal, eu e você. Certos apenas do que não se quer, deixar tudo fluir, deixar cada coisa por si só, sem maiores ciências, sem maiores consciências. Parar de temer perder tudo o que não se tem, parar de temer ser feliz, parar de querer entender ou se fazer de entendido. Deixar florar os instintos, deixar ser o que se tem pra ser.
Somos racionais, mas ainda animais.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012


Ao mesmo tempo que ardia nos olhos e queimava os dedos trazia esperança, certezas.. Oh, certezas, há muito não possuía alguma, o instável era mais comum em sua doce e estúpida vida, irritava menos, magoava menos.. Menos era sempre mais. As exceções eram seus vícios, o exagero era quase tão repetitivo quanto o instável, era engrenagem, não funcionava sem os excessos. Paixão demais. Dor demais. Caos demais.. 
A intensidade era droga, era vício ter vícios.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Uma onda de novas constâncias, caminhos diferentes e pressupostos. Não que o passado fosse inútil, e que muito menos passara a ser odioso, e sim dispensavel, e só. Tudo estava diferente.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012



Gostaria, a cada dia mais, que sua ausência não existisse, e que o maior tempo que eu precisasse ficar longe de você fosse o de um banho, enquanto você fosse buscar nosso café na padaria. Queria beijos mais longos, tão longos que não desse oportunidade do seu gosto sair da minha boca. Preciso de você. Poder passar dias e dias não fazendo nada, além de contemplar nosso amor, e fazer de teu peito minha cama, e de teus braços minha roupa. Fazer do teu cheiro com o meu, uma nova fragrância, que de tão incrustados se tornassem insolúveis as circunstâncias. Quero sentir sua mão segurando a minha forte, como resposta a qualquer fuga. Quero seus olhos encontrando os meus, sentir sua aprovação e arrepiar a cada sorriso torto involuntário. Ouvir seu coração bater rápido, simultaneamente a sua respiração no meu pescoço, te sentir perto, te sentir comigo, sentir a realidade, te sentir vivo. Ver cada pôr do sol, e observar embevecidamente a cada lua, e dormir e te acordar a cada manhã com a certeza de que não será a última. Demorar tanto em seus braços a ponto de me atrasar pra rotina. Decorar cada pedaço do teu corpo, marcar e chamar de meu, todo meu. Passar o dia só te ouvindo, amando cada palavra dita, cada promessa e pausa para saciar brevemente meus lábios. Te provar que vale cada aposta investida e que eu abandono todos meus vícios e inconstâncias, minha eloquência e insanidade, por você. Ter teu sorriso mais perto, seus batimentos cardíacos, toda sua perfeição e cada lindo e minúsculo defeito. Até não saber mais aonde eu termino e você começa. E só isso basta.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012


A efemeridade passava, algo que a pouco havia começado e já estava a terminar. O sorriso subentendido, o toque agridoce.. Tudo já estava escrito, linha a linha, ponto a ponto. Ninguém conseguiria mudar tão quanto fazer evaporar. O gosto que azedava e fazia sentir completo trazia a mesma sensação que há muito não sentia: o aperto no coração que só era absolvido por gotas doces e quentes. Angústia. Era um turbilhão de sensações, muito mais que seus poucos anos poderiam explicar e sentir junto. A lucidez já passara, falhas, cobranças, e necessidades sumiam. O escape surgia e passava. Algo que a pouco havia começado e já estava a terminar. A consciência retornava, os problemas retornavam, e o agridoce sumia. Tudo continuava e continuava, como se nada houvesse acontecido. Faltavam palavras para descrever, faltava sanidade para entender. As linhas sumiam, os pontos sumiam. Nada mais estava escrito, a instabilidade reinava,tudo vinha. E passava.